Grande tragédia em Paris, França, fruto do extremismo
político-religioso do Estado Islâmico, ou da onda que a presença desse grupo
está incitando no mundo.
Grande tragédia em Mariana-MG, fruto da
irresponsabilidade de uma empresa mineradora que destruiu vidas, seja humanas,
da fauna, da flora, destruiu um rio de grande extensão.
Grande conjunto de pequenas tragédias em Mutum-MG. A
ineficiência da COPASA, que assola a cidade e alguns distritos com a falta d’água.
Crimes que ainda continuam ou o “destemperamento” humano incendiando um depósito de material de
construção.
Sobre a crise hídrica, justificam-se com a natureza,
sobre o rompimento das barragens, tentaram justificar buscando um tremor de
terra que até agora ninguém provou.
Sobre Paris jogam a culpa no extremismo religioso.
Mas o que tem Mutum haver com Mariana-MG e suas represas
com rejeitos?
O que tem haver Mutum com o massacre em Paris?
A ligação pode ser simplista ou complexa de se explicar.
Irresponsabilidades das empresas mineradoras, Samarco e sua acionista
majoritária, VALE DO RIO DOCE, representa a irresponsabilidade ambiental em
Mutum de empresas que também liberam seus rejeitos nos rios ou no solo. A irresponsabilidade
é a mesma. Nossa agroindustrialização, nossa monocultura
recente com o eucalipto e nossas pastagens, bem como um passado não tão
distante, que desmatou Mutum por completo para tudo virar carvão. Enfim, o
homem é um predador do seu meio. Assim age a sanha capitalista.
Essa mesma sanha que desmatou Mutum para tudo virar
carvão, onde tudo virou pasto, onde o agrotóxico é usado indiscriminadamente em
nossas lavouras, e a sanha que está por trás da exploração de minérios em
Mariana, e a sanha que faz com que os países ocidentais como Estados Unidos,
França e Inglaterra, enfiem suas colheres enferrujadas no Oriente Médio,
armando grupos como os Talibãs e Estado Islâmico contra governos, teocráticos
ou não, mas que não “rezam” a cartilha neoliberal.
O jornalista Milton Temer no seu texto, Matadores e Seus
Mandantes, relata muito bem o triplé CAUSAS, CONSEQUENCIAS E RESPONSABILIDADES.
“Quem
armou, militar, religiosa e ideologicamente esse bando de criminosos bárbaros
que se esconde atrás de uma falsa denominação de "Exército Islâmico"?
Quem financia as Toyotas superequipadas de modernos canhões e metralhadoras,
presentes nos desfiles acintosos desses criminosos bárbaros?
Não se fabricam kalanishkovs, nem armamentos modernos, nos países árabes do Oriente Médio. Não se fabricam os canhões e metralhadoras que equipam as Toyotas. Não existe um Banco Central islâmico bancando a sobrevivência material do EI. Quem está por trás de tudo, portanto? Quem são os mandantes - como os que, no Brasil, foram condenados pelo pagamento dos matadores de Chico Mendes, Dorothy e dos fiscais do trabalho em Minas-?
Não raro se revela que são bem mais pusilânimes e cruéis do que os próprios executores dos assassinatos.”
Não se fabricam kalanishkovs, nem armamentos modernos, nos países árabes do Oriente Médio. Não se fabricam os canhões e metralhadoras que equipam as Toyotas. Não existe um Banco Central islâmico bancando a sobrevivência material do EI. Quem está por trás de tudo, portanto? Quem são os mandantes - como os que, no Brasil, foram condenados pelo pagamento dos matadores de Chico Mendes, Dorothy e dos fiscais do trabalho em Minas-?
Não raro se revela que são bem mais pusilânimes e cruéis do que os próprios executores dos assassinatos.”
No caso de Paris, políticos ocidentais financiam grupos do
Oriente Médio, que um dia acabam atacando vítimas inocentes, sendo World Trade
Center, seja nas ruas de Paris, no metrô de Londres ou em trens em Madri. O povo
paga a conta da busca por recursos naturais, nesse caso, o não renovável
petróleo.
No caso de Mariana, políticos brasileiros, inclusive
mineiros, são financiados por capitalistas brasileiros ou estrageiros, que ignoram
suas funções de fiscalizar, deixando a irresponsabilidade correr solta em nome
do lucro. Privatizam patrimônio do povo como a Vale do Rio Doce, e o povo paga
a conta pela exploração dos recursos naturais.
Em Mutum, o roteiro da tragédia não é diferente. As campanhas
eleitorais são bancadas por quem sabe que precisa da proteção dos políticos e
por isso os financia sob o escudo de doação de campanha, oficial e
oficiosamente, ajudando a compor o cenário trágico de crises hídricas, crimes e
desesperos humanos.
“A história da humanidade é uma história de luta por valores, pelo processo de dar significado à vida e ter hegemonia e controle sobre esse significado. Particularmente, ainda acredito que promover um diálogo multicultural e respeitoso entre as diferentes civilizações e os significados que cada uma dela dá à ideia de dignidade, construindo, de forma lenta e gradual, um sistema internacional de direitos humanos, ainda é nossa melhor saída concreta. Pois a antítese a isso – a guerra – é uma saída sem fim.” Diz Leonardo Sakamoto em seu blog: BLOG DO SAKAMOTO.
Eu complementaria, a história da humanidade tem sido uma
história predatória em busca de recursos naturais. A tragédia em Paris tem como
pano de fundo a busca do Ocidente pelo petróleo do Oriente Médio. A tragédia de
Mariana se deu pela exploração irresponsável dos minerais da região. Em Mutum,
a trágica situação também. Mas os valores se fazem presentes.
Por isso, a explicação sobre tudo isso não pode ser
simplista, ela é complexa. Demanda uma profunda reflexão baseada nas causas, consequências
e responsabilidades. É preciso de muitos pingos para ser colocado em muitos is.