domingo, 24 de julho de 2016

O POLÍTICO (CRÔNICA DE RONALDO LOPES)


A primeira frase desta minha escrita é afirmar que este assunto é muito polêmico. Certamente as opiniões divergirão, mas senti um imenso desejo de escrever sobre o político; o que na verdade se estende a reflexão à política. Em breves palavras e ideias venho expor o que entendo e qual é minha percepção sobre o assunto.
Procurei esquecer as generalizações e tentei meditar e compreender o significado da política; diversos autores já escreveram, proferiram palestras e certamente todos nós já temos nossa compreensão acerca do tema. Então para que escrever sobre algo se todos já sabem? O que acrescentar a esta reflexão? Pensei e senti que, muitas pessoas sabendo do que se trata, ainda vale a pena escrever sobre a política e o político. Sempre é possível uma nova ideia.
Algumas ideias preliminares: a classe política está desgastada; a população está cansada de promessas vãs. Há um senso comum que todo político é desonesto, corrupto, ladrão, oportunista, mau caráter, sem vergonha e ainda há uma triste afirmação que já ouvi de muitas pessoas: Se fosse do bem, não estaria no mundo da política. O que é verdade em tudo isto? Quem assim pensa e reproduz estes pensamentos? O que pode ser verdade e o que pode ser mentira? A quem interessa a divulgação destas ideias? Vou dar minha opinião.
Penso que a política e por complemento o verdadeiro político, não seja tudo isto ou quase nada do que escrevi acima, estou aqui escrevendo ou tentando entender sobre a verdadeira política e o verdadeiro político. Na verdade penso que as pessoas que se tornaram políticos e que tenham um mandato eletivo a cumprir só estão nesta situação porque passaram por um processo de votação e conseguiram se eleger. Pense comigo: estar político exige um processo de anterioridade da pessoa; o político hoje foi a pessoa comum de outrora. Não é o político que tornou-se desonesto, safado, corrupto, ladrão; é o desonesto, safado, corrupto, ladrão que se tornou político e que conseguiu de alguma forma se eleger e possuir um mandato. E quem permitiu isto?
Numa simples análise percebo que muitos grupos da mídia, do capital, dos interesses escusos é que fabricam estes políticos e são estes mesmos grupos que exaltam ou destroem a classe política, há necessidade em ter pessoas deste naipe na política; fazem de tudo para entrar, apostam alto, gastam quantias vultosas, compram votos, eleitores, consciências e certamente usarão do bem público para ter de volta e com muitos juros o que gastaram. Não são estes políticos que querem servir ao povo, não são estes que querem mudanças e reformas em prol da população; são demagogos, elitizados, a serviço do poder apenas, do dinheiro, e de poder continuar manipulando consciências ingênuas. Mas e o eleitor comum que também vendeu seu voto? Que trocou a sua arma de escolher pessoas honestas e se deixou seduzir por migalhas ocasionais? Também este não tem uma parcela de culpa?
Gosto muito do versículo bíblico: “quem sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado” (Tg 4,17). Precisamos na política de políticos do bem, de pessoas que não se deixem seduzir pelo poder, que não vendam suas consciências e que, verdadeiramente, façam da política a arte do bem comum, que sendo bons, honestos, verdadeiros, se tornem políticos bons, honestos, verdadeiros e que façam da política o lugar de se fazer e praticar a justiça e de servir a toda população sem discriminação.

Que saibamos exercer nossa cidadania com consciência, sabendo usar o voto consciente para que de fato possamos cobrar de nossos políticos que cumpram as promessas que fizeram quando ainda candidato; lembrando que a política não é um bem individual e sim um bem comunitário.