sábado, 16 de setembro de 2017

RACISMO, NÃO ME ACOSTUMO JAMAIS!

NOTA DO BLOG: Reproduzimos na íntegra o texto postando em seu perfil de Gladson Reis por representar a linha editorial do nosso blog
FOTO: Moises Silva/ O Tempo

Racismo? Não me acostumo jamais!
São tempos difíceis, querem desunir o povo Brasileiro, querem destruir qualquer sentimento de união nacional, querem que pobres briguem com pobres enquanto interesses obscuros destroem a nação brasileira.
A presença de Jair Bolsonaro na Universidade FUMEC no dia 15 de Setembro de 2017, durante a Palestra FUMEC Pensando o Brasil, evidenciou que a presença desse senhor em ambientes Universitários é um risco para a Democracia. 

Pois este utiliza covardemente de sua Imunidade parlamentar, quer dizer, imunidade material para incitar o ódio entre os próprios brasileiros, legitimar um discurso de que mulheres devem se sentir vulneráveis e se manterem submissas em todos os espaços sociais, de que nós negros devemos temer a todo momento, pois pela logica desse discurso negro tem direitos sim, desde que separados dos cidadão de pele clara.
Esse discurso moralista, de combate à liberdade de orientação sexual não vem para unir e sim para destruir famílias e fazer com que praticas de isolamento social e falta de apoio familiar e social, joguem milhares de jovens LGBTS em um limbo de vulnerabilidades, pois ambientes dominados pelo conservadorismo não unem, não acolhem, somente desagregam.
Os ânimos estiveram exaltados entre ambos os lados, mas não dá para comparar a destilação de ódio gratuito promovida por Bolsonaro, ao ato de protesto realizado por jovens contrários a campanha de separação social e nacional defendida por extremistas de Direita. Tentaram intimidar mulheres negras, zombaram e debocharam de gays,mas já diria Brecht "Do rio que tudo arrasta se diz violentas, mas não dizem violentas as margens que o comprimem". Observemos que mesmo que pré-matura a resistência e repúdio às ideias de Bolsonaro, serviram para afirmar que o discurso de ódio será combatido, que margens serão rompidas.
Durante a confusão, evitamos que um jovem branco de classe média alta sofresse um lixamento na porta da Universidade, pois este proferia uma série de discursos racistas como "Preto é lixo" , "Gays são AIDS", " Volta pra Africa", " Pretinhos da Senzala". Sim, evitamos algo que poderia ter sido uma tragédia, mesmo com raiva não esquecemos que negros também conhecem e respeitam as leis desse país, pois somos todos brasileiros. O fim da escravidão e a legislação antirracista, foram conquistadas duramente por gerações que nos antecederam, houve derramamento de sangue para que nossos direitos fossem proclamados e não será com intimidações que eles serão retirados.
Nós, estudantes da FUMEC demos voz de prisão a uma pessoa suspeita de racismo e a PMMG atendeu a solicitação, pois até os Policiais negros que estavam trabalhando se indignaram ao observar tamanha burrice. Fica o recado, assim será com todos e todas aqueles que se atreverem a violar o Estado Democratico de Direito e desrespeitarem a Constituição e a vontade legítima do povo Brasileiro dentro do ambiente acadêmico ou fora dele.
Mesmo garantindo a condução desse jovem suspeito de praticar racismo, me senti muito triste, pois ele parecia estar feliz ao entrar no camburão, sorria como se nada tivesse acontecido, pois se trata de um provocador, que sabia o que estava acontecendo e que utilizou dessa conduta para tentar incentivar outros jovens a repeti-la.
FOTO: Flavio Tavares /Hoje em Dia

Caminharemos em defesa do Estado Democratico de Direito, me recuso a apoiar qualquer ação que viole princípios constitucionais, e afirmo que a sociedade não pode ter medo em enfrentar pensamentos proto-fascista. Vamos juntos impedir que o ódio divida nossa nação. O Brasil pertence aos que trabalham, lutam e sonham com uma nação forte, desenvolvida com paz e progresso social para todos e todas.

Viva o povo Brasileiro e nossas conquistas democráticas !

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

FREI BETTO E A AMAZÔNIA

 “Devemos sair da zona de conforto e salvar nossa Mãe”

Frade e ativista pelos Direitos Humanos fala sobre decretos que liberam a exploração de minérios.


Frade dominicano e autor de mais de 60 livros, Frei Betto atendeu rapidamente ao pedido da revista Bodisatva para falar sobre a situação da Amazônia e a extinção da Reserva Nacional do Cobre e Associados, proposta pelo governo Temer. O decreto libera (dentro do nosso pulmão precioso de vida) uma área do tamanho do Espírito Santo para exploração de minérios.
A área tem quase 4 milhões de hectares e havia sido delimitada em 1984, durante o regime militar, para exploração mineral estatal. Duas áreas indígenas das etnias Aarai, Wayana e Wajapi, próximas da reserva, também são protegidas. Todas são ricas em ouro, manganês, ferro e cobre.
A exploração era premissa apenas do Estado e, segundo fontes ambientalistas, a área havia sido pouco utilizada até agora, apesar de o governo informar em nota oficial que o garimpo ilegal está depredando a região.
“Temos uma visão utilitarista da natureza, como mera fonte de lucro. Perdemos a consciência de que somos parte e fruto da natureza. Não temos consciência de que a natureza pode muito bem viver sem nós, como ocorreu em bilhões de anos do passado, mas nós não podemos viver sem ela. Viver é dar um beijo na boca da natureza, pois quando aspiramos absorvemos oxigênio que nos é fornecido pelas plantas e os plânctons, e quando expiramos alimentamos de gás carbônico as plantas e os plânctons”, afirma Frei Betto.
Doutor Honoris Causa em Filosofia, concedido pela Universidade de Havana em outubro de 2015, Frei Betto é ligado à Teologia da Libertação, militante de movimentos pastorais e sociais, sócio fundador do Programa Todos pela Educação e colabora com vários jornais, revistas, sites e blogs, no Brasil e no exterior. Ele envia sua mensagem aos brasileiros e brasileiras: 
"Devemos sair da zona de conforto. Para isso, precisamos organizar a esperança. Precisamos nos comprometer com todos que lutam pela preservação ambiental”, nos convoca o frei.

RB : Diante das imagens da nossa Amazônia, dos noticiários sobre as resoluções do governo, dos decretos liberando áreas para exploração de mineração, como o senhor se sente?
Frei Betto: “Sinto-me triste, pois a Amazônia é um dos raros pulmões do mundo e dela dependem as chuvas que irrigam o continente do sul da Flórida ao sul da Patagônia. Nossos governos são capachos do capital e desinteressados da preservação do meio ambiente. Não pensam nas futuras gerações. A Terra já perdeu sua capacidade de autorregeneração. Ou há intervenção humana, urgente, ou o desequilíbrio ambiental pode apressar o Apocalipse. Insisto para que todos leiam e estudem a encíclica socioambiental do papa Francisco, “Louvado Sejas”, o mais importante documento de toda a história da ecologia, pois além de apontar os efeitos, denuncia as causas da devastação”.

Como o senhor percebe esse movimento de exploração desenfreada, quando os seres humanos olham para natureza apenas como recursos que podem ser explorados? 
Frei Betto: “Temos uma visão utilitarista da natureza, como mera fonte de lucro. Perdemos a consciência de que somos parte e fruto da natureza. Foram precisos 13,7 bilhões de anos de evolução do Universo para que, nos últimos 250 mil anos, surgissem esses seres inteligentes chamados homens e mulheres. Não temos consciência de que a natureza pode muito bem viver sem nós, como ocorreu em bilhões de anos do passado, mas nós não podemos viver sem ela. Viver é dar um beijo na boca da natureza, pois quando aspiramos absorvemos oxigênio que nos é fornecido pelas plantas e os plânctons, e quando expiramos, alimentamos de gás carbônico as plantas e os plânctons”.

Como descreveu Teilhard de Chardin, toda a natureza é dotada de consciência. O senhor acredita que existe um movimento ao mesmo tempo de transformação e auto-organização no mundo, diante desses tempos de profundas mudanças rápidas e líquidas?
Frei Betto: “Existem muitos que lutam bravamente por isso, mas a força do capital, das corporações transnacionais, é muito maior. A mídia nos incute o medo do próximo, que pode ser um bandido, um oportunista, um terrorista, mas não nos incute o temor da destruição acelerada do nosso planeta. Porém, é preciso resistir e, em especial, tornar a questão um tema transversal na educação”.

Alguns autores, como Michel Maffesoli, nos lembram que estamos vivendo o retorno da espiral afetos, que inclui o reencantamento do mundo, onde o afeto e as relações humanas estão retornando como prioridades. Muitos autores o criticam por isso, mas, na sua visão, existe um caminho em espiral?
Frei Betto: “Infelizmente não sou tão otimista quanto o Maffesoli, embora eu adote como axioma “há que guardar o pessimismo para dias melhores”. As novas tecnologias, positivas em si, favorecem o individualismo. Há mais amizades virtuais que reais. Temos muitos conhecidos, porém poucas amizades. E Aristóteles enfatiza que, para ser feliz, uma pessoa precisa, como primeira condição, ter amizades.”

Como conseguir nos acalmar e ter uma vida de virtudes, relacionando a nossa vida com a da própria natureza?
Frei Betto: “Praticando a meditação, tendo contato direto com a natureza, aprendendo a amar o silêncio”.

O senhor fala em meditação como prática. Como é sua relação com o Budismo?
Frei Betto: “Buda me ensinou duas coisas muito importantes: graças à meditação, posso me desapegar de pessoas, gostos, cargos, ambições, invejas, competições etc. E assim evito o sofrimento. A dor se tira com medicamento; o sofrimento, com meditação. A segunda lição é que a mente não é confiável, e a meditação ajuda a discipliná-la”.

Por fim, gostaria que o senhor nos enviasse uma mensagem, em especial, relacionada às questões ambientais, como o aquecimento global, as mudanças climáticas e as nossas florestas e povos indígenas.
Frei Betto: “Vamos organizar a esperança! Sair de nossa zona de conforto e nos comprometer com todos que lutam pela preservação ambiental. Vamos denunciar a ganância do capital e exigir rigorosa punição às devastações, como no caso da Samarco, em Mariana (MG), ainda impune. Somos filhos e filhas da Terra, a Pacha Mama, como dizem os indígenas andinos, e devemos salvar a nossa Mãe com todo ardor e amor”.

*Por Janaína Araújo | Revisão Fábio Rocha

FONTE: https://www.facebook.com/gilvander.moreira/posts/1286395038155269