Conciliação ameniza polêmica sobre afastamento de freis em paróquia de BH
Flávia Ayer - Estado de Minas
Glória Tupinambás - Estado de Minas
Publicação: 17/05/2010 06:16 Atualização: 17/05/2010 07:25
Com o templo repleto, frei Cláudio Van Baleu leu mensagem de que solução está sendo encaminhada
A comunidade dos bairros Carmo e Sion, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, se mobiliza pela permanência dos freis Cláudio Van Balen e Gilvander Moreira à frente da Paróquia de Nossa Senhora do Carmo, uma das mais importantes da capital. Um manifesto lançado domingo, durante a tradicional missa de domingo, reuniu centenas de assinaturas dos que protestam contra o possível afastamento dos religiosos. Ao fim da celebração, frei Cláudio, no entanto, leu uma mensagem que tranquilizou um pouco os fiéis. Segundo ele, uma “solução razoável para os freis e para a comunidade está sendo encaminhada” e, em razão disso, o prazo para o afastamento, antes fixado em 31 de maio, “está superado”.
A polêmica envolvendo os freis se estende desde fevereiro, quando começaram a circular rumores do afastamento dos religiosos. As acusações que recaem sobre eles teriam como causa atitudes que fogem dos padrões da Arquidiocese de Belo Horizonte. Entre os principais incômodos, está o boletim distribuído nas missas. Enquanto nas demais paróquias a celebração segue um roteiro pré-definido pela Cúria Metropolitana, na do Carmo, o boletim é feito pelos próprios freis.
Ambos pertencem à Ordem dos Irmãos da Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo e, há cerca de dois meses, o superior da congregação, dom Joaquim Caldeira de Oliveira, conhecido como frei Felisberto, reuniu-se com o arcebispo de Belo Horizonte, dom Walmor Oliveira de Azevedo, para tratar do comportamento dos carmelitas. Desde então, as notícias sobre a possibilidade do afastamento só ganham força. A arquidiocese prefere não comentar o assunto, sob o argumento de que não pode se manifestar em respeito aos carmelitas. Os religiosos também se recusam a dar entrevistas, mas emitem opiniões durante as homilias das missas.
Trabalho social
Na celebração de domingo, frei Cláudio disse que, nesse processo, a comunidade do Carmo é vítima e ele é o réu. “O medo não nos envolveu, não nos amarrou. Não fazemos da fé uma simples repetição. Nós reformulamos a fé para que ela oriente os nossos corações. Mas isso incomoda muita gente”, afirmou o frei, que está há 43 anos na chefia da paróquia, fundada em 1940. Nascido na Holanda, Cláudio é doutor em teologia, psicólogo e autor de dezenas de livros. Aos 76 anos, ele está distante da administração e se dedica à celebração das missas. Além do papel evangelizador, o religioso desenvolveu importante trabalho social. São mais de 50 projetos, entre ambulatórios médicos e odontológicos, farmácia popular e escola profissional, oferecidos à comunidade por cerca de 800 voluntários. A média é de 100 mil beneficiados a cada ano.
O lançamento do manifesto levou centenas de pessoas, como o psicólogo Paulo Henrique Faleiro, de 30 anos, à paróquia do Carmo. “Vim especialmente para pôr meu nome no abaixo-assinado. Frei Cláudio reflete o ensinamento cristão genuíno e consegue manter o foco social em seu trabalho”, disse. A advogada Maria Aparecida Fernandes , de 45, também aderiu ao movimento. “É uma arbitrariedade o que estão querendo fazer. Frei Cláudio é muito querido e dedicou a vida inteira ao povo. Agora, aos 76 anos, eles querem retirá-lo daqui”, protestou ela.
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