Tá na moda chamar os simpatizantes, esclarecidos ou não, de coxinha. Eu que não sou coxinha não, resolvi buscar qual a analogia entre o alienado de direita (há alienado na esquerda? não, somente militontos em vez de militantes) e encontrei essa definição no blog http://trazdoarmario.com/
Segue o texto:
Em primeiro lugar, preciso dizer que eu, como a esmagadora maioria do povo heroico desta pátria amada, amo coxinha (s.f. quitute). Desde as do Veloso até as do boteco da Vieira de Morais que divide a estufa com o ovo rosa.
Muito se fala sobre os coxinhas (s.m. tipo de ser humano). A gíria nasceu em São Paulo , que é, por si só, o maior reduto de coxinhas do Brasil. O que pouca gente sabe é o que é de fato um famigerado coxinha, e foi por isso que eu resolvi escrever esse texto e delimitar um significado definitivo pra essa gíria.
“Significado definitivo? Que moleque pretensioso!”, diria você, caro leitor. Mas “definitivo” é o tipo de palavra que os coxinhas adoram. Eles gostam de limitações, definições, certezas. Se tem um tipo de gente que não troca o certo pelo incerto, são os coxinhas. Tudo que um representante nato da categoria mais quer é constituir família, sustentar a mulher e os filhos, e que todos tenham boas notas no colégio e que vão pra Disney todo ano.
No fundo, o coxinha quer uma vida que os jovens de várias gerações lutaram para poder NÃO ter. Mas nem todos admitem isso. A verdade é que o coxinha não gosta de se arriscar. Em nada. Pra não ter perigo de errar, pra não deixar de ser querido, etc. O pastel, por exemplo, abre possibilidades para todo tipo de recheio. A coxinha, não. Nunca. É frango desfiado e só. Catupiry, se muito, dá o ar da graça. E pedir uma coxinha sempre é menos arriscado do que pedir um bolovo, por exemplo.
O coxinha não toma bomba no colégio e raramente tranca uma faculdade. O que ele quer é “ingressar no mercado de trabalho”. A primeira vez que o coxinha bate ponto, ele quase tem um orgasmo. É a construção do seu futuro e da vida empanada que sempre planejou. A mamãe do coxinha se contorce de orgulho do filho, ainda mais quando – depois de já estar empregado e casado com uma boa moça – ele lhe dá o primeiro neto.
O coxinha adora o Coldplay e acha incrível a filantropia do Bono Vox. Na literatura, ele sempre recomenda para a roda de colegas no almoço da firma todos os livros do ranking da Veja. E, se falar de cinema, o coxinha divagará sobre grandes trilogias (as quais comprou em boxes, na Fnac). Todos seus gostos e interesses são baseados em unanimidades. Porque, se não dá para agradar a todos, o coxinha tenta agradar pelo menos à maioria.
A camisa polo, símbolo máximo do gênero, é outra forma de destoar o menos possível. Ela não é nem casual demais para uma festa, nem formal demais para um passeio no parque. Então, o coxinha deita e rola. Suéter enrolado no pescoço também é um bom complemento para as meias estações do coxa, mas não é obrigatório. Ah, e o coxinha chama tênis de sneaker para fazer de conta que um é diferente do outro.
Ao contrário do que se pensa, a condição coxinha não tem necessariamente a ver com dinheiro. Existem coxinhas que ganham 100 mil reais por mês e coxinhas que sustentam a família feliz com quatro salários mínimos.
Metódicos, os coxas povoam avenidas movimentadas como a Faria Lima e a Berrini. E seus olhos chegam a ficar marejados quando passam com seu sedan prata na ponte estaiada. “Esse é o símbolo da nossa cidade, a locomotiva do país”, diria o coxinha para o seu filho que já tem a cara do pai, só que numa versão buffet infantil.
E engana-se quem acha que a tribo dos coxinhas se limita aos escritórios cinzas. Eles podem estar em toda parte: nas artes, nos esportes, na medicina e, muito frequente a partir dos anos 2000, na publicidade. Quando você vir o comercial de um banco com pessoas sorridentes e narrador com timbre épico, pode ter certeza: tinha um coxinha na reunião de brainstorming que, depois de contar sua “ideia genial”, foi aplaudido por mais meia dúzia de coxinhas.
Pra terminar, digo que um coxinha jamais faria mal pra você enquanto indivíduo. O problema é o impacto social dos coxinhas que, sem declararem nada, acordam todos os dias e vestem suas camisas azuis-bebê na busca pela extinção da ousadia e por uma sociedade oleosa e simétrica. Uma grande coxinha.
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